sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Temores

Não me fales de amor, que me desfaço
Em meus temores tímidos e inquietos,
Temo os teus olhos, de paixão repletos,
Como o pássaro, arisco, teme o laço

Não me fales de amor se quando passo
Por ti, pensando entre meus sonhos quietos,
Prefiro os teus silêncios mais completos...
Ah! Como eu temo o risco de um abraço!

Se me falas de amor eu temo tanto
Que eu venha sem pensar ceder ao encanto
Destes teus olhos lindos cor de Opalas...

Mas se emudeces, penso: Tens segredo!
Se me falas de amor eu tenho medo,
Tenho medo também quando não falas!


Claudia Dimer


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Quem viveu com prazer entristecido,
Sonâmbulo das tórridas saudades
É quem entrou no tártaro, remido,
Agonizando em céu de imensidades

É quem amou o sonho indefinido
Se encarcerou na dor das liberdades
É quem tirou um riso do gemido
Viu alegria em mares de ansiedades

Quem viveu a sofrer de amor, penando
De um bem que brota, e em mal se faz raiz,
Viveu sofrendo mas viveu amando...

Se até morrer chorou por quem se quis,
Entre lágrimas, magoas, soluçando...
morreu chorando... mas morreu feliz

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Alegria nova

Me olha, amor, que teu olhar comprova
Que teu querer, o meu querer instiga,
Verás nascendo uma alegria nova
Em meu viver envolto em dor antiga

Olha, que o olhar diz muito mais e abriga
Uma ilusão que outra ilusão aprova,
Do teu olhar que este meu ser renova
Construo o sonho em que a paixão é viga!

No teu olhar procurarei saber;
Se uma alegria tu verás nascer,
Porque é que eu morro de tristeza infinda?...

É que um temor nessa minh'alma se ergue
Que não te olhando, mesmo assim te enxergue,
Que me enxergando não me vês ainda!


Claudia Dimer
Nuvem feita em rosa

Meu coração qual taça de ouro e prata
A transbordar, da mocidade cheio,
Tem sonhos fervilhantes e desata
Como um vulcão que a lava dorme ao seio

Meu coração de torrencial cascata
Na viva fonte ao colo, em brando enleio,
Ora em deserto árduo, ora na mata
Prossegue ao mar, isento de receio

Enche-te ó taça de ouro, de existência!
Corre cascata rubra, em afluência,
Leve teu sangue ao ser quais doces vinhos!

Não creia na ilusão que de grandiosa
Te faz dormir em nuvem feita em rosa
Para acordar sangrando em chão de espinhos


Claudia Dimer



terça-feira, 7 de agosto de 2012

IRMÃ

À minha Prima e amiga de infância Denise Rodrigues da Silva

Não tive irmã, na infância, no passado,
Agora sei; eu tive mas não vi!
Passei a infância inteira do teu lado,
Ah! Minha amiga! Eu nunca percebi!

Nos distanciou o tempo, e tão calado
Meu coração chorando... assim segui...
Teu rosto meigo trago em mim guardado,
Dessa amizade nunca me esqueci!

Deus te criou pra ser a minha irmã;
Aos anjos ordenou no Paraíso
Para à minha Mãezinha te entregar...

E os anjos te trazendo de manhã
Se distraíram com o teu sorriso
E erraram o endereço do meu lar!

Claudia Dimer