segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Por quê?

A Rosa não indaga: Por que findo?
Não pensa o animal: Por que é que morro?
A rocha à beira mar não diz: Socorro!
Quando lhe açoita a onda em ritmo infindo.

Não chora a tarde quando está sumindo!
Não se pergunta o tempo: Por que corro?
Nem diz, a fonte muda: Por que jorro
Sempre incansavelmente e ressurgindo?

Por que surgi no mundo? Um ser pensante,
A indagar a vida  todo instante,
Querendo enxergar mais do que se vê!...

Minha sabedoria é meu pavor!
Por que sou uma alma sem amor?
Por quê? Por quê? Por quê? Por quê? Por quê?!...

Claudia Dimer

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Adoração

Ouço teu nome, surda ao som dos ares,
Meu lábio é emudecido de falar-te,
Não mais te enxergo, louca, em toda a parte,
Pois te escondeste em mim, em meus sonhares!

Meu ser anda encontrando teus lugares
Perdidos...dou a vida ao adorar-te!
Livro mais lido não possui a Arte
Perfeita mais que a letra em teus olhares!

Toda a existência morro, tudo morre,
Quando medito nisso o amor percorre
A veia do infinito e em tons ateus

Te elevo um canto e digo resignada:
Ah! Posso pelos céus ser condenada
Por amar-te bem mais que ao próprio Deus!

Claudia Dimer


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Natal de Sonho

Natal de Sonho

Lembro o Natal nos tempos de menina
Pleno de sonho, riso e paz completa.
Um Presépio na igreja e numa esquina
Alguém doando a bala predileta.

Família reunida, a fé divina,
A mesa humilde, mas, de amor repleta.
A espera de um brinquedo que fascina
(A tão sonhada e amada bicicleta)

Hoje meu ser, ou pensa, ou mesmo vê
Que uma esperança já me disse Adeus
E que o Natal, de sonho está ausente;

Tão sem sonhar, que até parece que
Papai Noel tomou os sonhos meus
E foi distribuindo de presente...

Pedido de Natal

Papai Noel, bem sabes, não te creio,
Mas és a historia linda que foi dita
E atendes o pedido em sonho enleio
Da gente que é feliz ou de alma aflita;

Eu não te enviarei pelo correio
A carta que te escrevo e em bela fita
Vermelha, não virá o bem que anseio,
Mas acho que a esperança é tão bonita!

O dia do Natal não mais me encanta,
Quando criança tudo te pedia,
Eu tinha sonhos e alegria tanta!...

Papai Noel, de sonhos ando ausente!
Atende o meu pedido em Poesia:
Dá-me os Natais da infância de presente!

domingo, 1 de setembro de 2013

Felicidade

Eu quis saber o que é felicidade
E a todos indaguei: Acaso existe?
Me disse o esperançoso: É a eternidade!
É Deus!- me respondeu o Monge triste!

É a morte! (a me indicar co'o dedo em riste
o túmulo) falou na insanidade
Um louco. Minha doce mãe insiste:
É o trabalho, a esperança, a lealdade...

Com meu olhar descrente e inseguro
Nenhuma das respostas aceitei.
Talvez resposta eu tenha no futuro...

Felicidade? Há quantas? Eu não sei!
Ou não encontro aquela que procuro,
Ou não procuro aquela que encontrei!

Claudia Dimer


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Altar sombrio

No mundo, onde alegria é cultuada,
E ser contente é quase obrigatório,
Onde o infeliz jamais será notório,
Eu louvo a minha dor amargurada!

Minha tristeza é mais glorificada!
O meu prantear, bem mais satisfatório!
Fiz um Altar sombrio - um oratório
Onde eu invoco a minha dor amada!

E assim, escrevo versos de ansiedade,
De magoas, de agonias, de saudade,
Versos de quem à paz não deu valor...

Um dia algo feliz bateu-me à porta;
Eu não abri... e na alegria morta
Deixou seu nome escrito: Eu sou o amor!...

Claudia Dimer


segunda-feira, 10 de junho de 2013

Rasto divinal (este é um poema e não Soneto)


Vem, meu amor... o orvalho desce ao solo,
É noite, a luz se perde no horizonte...
Reclina a tua fronte no meu colo
Como o Sol se reclina sobre o monte!

Vem ver o céu, amor, ver as estrelas
Que Deus criou suspensas no infinito,
Só por que tens uns olhos para vê-las,
Só por que és meu sonho o mais bendito!

Contempla a Lua, a Lua está brilhante,
Nos braços da amplidão está! Que alvura!
Parece uma criança confiante
Que nos braços da mãe está segura!

Vem ver o mundo inteiro a admirar
Um rasto divinal luminescente
De um anjo pela terra a anunciar
Que esse amor viverá eternamente!


Claudia Dimer







segunda-feira, 27 de maio de 2013

Ao menos minha dor


Eu procurei, por toda a vida, atenta,
Como, um filho perdido, a mãe procura,
Uma gota de paz na alma sedenta,
Felicidade achar, na desventura.

Como a mais linda e cara vestimenta
De fino pano, de melhor textura,
Não me serviu  o bem, e na tormenta
Eu desisti de uma alegria pura

As vezes, possuir felicidade,
Atrai inveja, a roubam por maldade,
E disputá-la assim, sequer convinha...


Possuo a dor! Ninguém a quer por nada!
Comigo está segura e bem guardada...
Ao menos minha dor é sempre minha!














sábado, 18 de maio de 2013

A Árvore do Sonho

Morava um homem num lugar deserto,
Onde, era o sol à tarde, abrasador.
Uma árvore plantou. Pensou: É certo
Que ela trará o alivio do calor.

Ele a cuidou, podou, ela cresceu,
Mas, sua sombra imensa, opostamente,
Na direção da rua se estendeu
E não na sua casa em tarde quente.

E ela abrigou passantes, viajores...
Nesta história reflito: meus labores
Se transformando em perdas, não em ganhos...

Ó árvore do sonho e do trabalho!
No meu esforço descuidado e falho,
Foi tua sombra proteger estranhos!

Claudia Dimer



Teu caminho

Teu caminho é prisão - a mais segura.
Dele não saberás jamais fugir!
É minha ausência - invólucro da agrura,
Um bruto carcereiro a te afligir.

Teu caminho é prisão onde a tortura
Anda a sangrar a face do existir.
Tudo tornou-se em ti qual noite escura
Quando o teu lábio o Adeus quis proferir.

Há pedras de tristeza nas estradas,
Há flores, pela angustia pisoteadas...
Não tenho vida e a lamentar te digo:

Inclina o rosto, amor, por onde vais:
Junto aos teus pés verás um rastro a mais....
É minha vida que se foi contigo!...


Claudia Dimer


quinta-feira, 25 de abril de 2013

Soneto sem fim

A minha dor não tem um fim, não tem!
Eternamente fez em mim morada.
E chora essa minha alma entre o desdém
Um choro de criança abandonada.

Não a conheço ou sei de onde é que vem,
Procuro a causa e não encontro nada.
Talvez ela me venha de ninguém,
De ser ninguém, ou de não ser amada.

Se um instante, de mim se compadece,
Fica invisível como o Arlequim
Mas, para me zombar reaparece!

Eu trago tanta dor dentro de mim
Que a expressaria apenas se eu fizesse
Um Soneto que não tivesse fim!...

Claudia Dimer

sexta-feira, 29 de março de 2013

Páscoa

Lembro a Páscoa nos dias de criança;
Cheia de amor carinho e inocência,
Sinônimo de toda a esperança,
Ressurreição, renovo e consciência.

Na véspera, à noite, em sonolência
Ia dormir na espera e numa ânsia
Que o dia amanhecesse. Que lembrança!
Que imagem agradável da existência!

Tão humilde o meu Pai mas a sorrir
Comprava o chocolate que podia.
Dizia: É o coelhinho!... a se fingir...

Que mentirinha doce! Que alegria!
Papai não era o único a mentir...
Também de acreditar eu me fingia!

segunda-feira, 25 de março de 2013



















FESTIM

Morre o Sol... a penumbra principía...
Mas não há luto, a noite é um Festim!
O vento canta, o mar se contagia,
E as ondas dançam num bailar sem fim.

Estrelas se iluminam de alegria.
Se perfuma a Coirana no jardim!
O céu de azul cobalto se atavia,
As nuvens vestem trages de cetim.

O monte, de beleza embriagado,
Esconde o brando Sol que é transformado
Na última luz; um pálido filete...

A Lua a transbordar -  bandeja prata,
Sobre a mesa adornada; a verde mata,
Serve o clarão à terra, em gran' Banquete!



Claudia Dimer

segunda-feira, 11 de março de 2013

Estrelas

Estrelas que falavam aos poetas
Que eram capazes de entender e ouvi-las
Palavras comoventes e completas
Deixando todos pasmos a seguí-las

Estrelas dos amantes, dos estetas,
Nas noites pelos campos pelas vilas...
Nas saudades em ânsias já repletas
Luzindo o amor das almas a remí-las

Falai ao homem que meu ser mais quer,
Vós que deixais poetas comovidos,
Estrelas não faleis a mim! Eu clamo!


Se a noite contemplando ele estiver
Venham todas! gritai aos seus ouvidos;
Venham todas! Dizei o quanto eu o amo!

quinta-feira, 7 de março de 2013

Casinha linda

Casinha linda, envolta ao verde e às flores;
Castelo dos meus sonhos infantis!
A desenhava em meio a um céu de cores,
Morando nela a infância foi feliz.

Dela mudei-me. À tarde um sino, em dores
Parece,soluçava na Matriz...
Juntei os meus brinquedos (meus valores)
Meu balancinho na árvore desfiz.

Casinha linda! Ainda eu a desenho;
Daquela tarde lembro e triste venho
A rabiscá-la em tinta de nanquim...

Desenho essa minh'alma que sorria
Juntando uma bagagem de alegria
Naquela tarde, a se mudar de mim...


domingo, 24 de fevereiro de 2013

Lua na vidraça

Claudia Dimer

Eu sou a Lua branca na janela
À noite, quando o sono em ti viceja...
Dorme, amor! Que teu ser em sonho veja
A Lua que teu sono brando vela!

Eu sou a Lua triste! Sim, sou ela
Que ao vidro da janela encosta e o beija
Rezando p´ra que o dia não esteja
Surgindo; que ele o meu brilhar cancela!

Eu sou a Lua muda e entristecida,
A noite escura e fria é minha vida,
Teu sono é a indiferença para mim...

Raiando o Sol luzente, a noite passa,
Acorda, amor! Acorda! Olha a vidraça;
Está vazia... é dia, é já meu fim!...






terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Minha Mestra

Era a dona do mais sereno olhar;
O seu riso uma musica, uma orquestra.
No rostinho a ternura, a cor e um ar
Que o infantil coração atrai, sequestra.

Com alegria a ensinei brincar,
Qual dono amável que um bichano adestra,
Eu ensinei quem me ensinou a amar...
Eu ensinei a minha própria Mestra!

Segurei-a tão pouco nos meus braços,
Pequeno tempo para grandes laços,
Pequena paz, enorme desengano!...

A tiraram de mim em triste tarde;
De saudade minha alma ainda arde...
Minha doce boneca feita em pano!

Claudia Dimer



quinta-feira, 10 de janeiro de 2013


Sonho dos anjos


Não sabem? essa vida é nada mais
Que sonhos irreais, enternecidos,
Dos anjos que dormiram, languescidos,
Sonhando ter a vida dos mortais.


E a mortes que nos causam tantos ais
São sonhos, lá no céu, interrompidos,
Dos anjos que acordaram com ruídos
Nas portas das entradas celestiais.

Ó anjos  tão cruéis, por que acordais?
Só para dar um fim a nós  sofridos?

Os vossos sonhos são por nós vividos,
Quando terminam... ah! Nos dói demais!





Claudia Dimer

terça-feira, 8 de janeiro de 2013




Que beijo!

Que beijo! Que caricias! Ah! Que triste!
Que triste o teu abraço ardente e terno!
Um beijo que tornou verão o inverno...
Parece que aos céus num véu subiste!


Meu ser devoto a ti, leal - antiste
No templo do meu sonho altivo, eterno
Desceu ao interior de algum inferno...
Que beijo! Que caricias! Ah! Que triste!


Que olhar! Qual brilho intenso que o vestias?
Qual nuvem que alcançaste  que não vias
Minha alma a languescer junto a tardinha?...


Que beijo! Que caricias! Que tormentos!
Teus lábios desejantes e sedentos
Beijavam outra boca, não a minha!


Claudia Dimer










segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Choram tantos a cinza cor maçante

Choram tantos a cinza cor maçante
Do fim. Na estrada mórbida, sombria!
Perdidos na desgraça  massacrante
Choram tantos a treva eu choro o dia!

Para muitos a morte amargurante
É um poço de tormenta e de agonia,
Não vêem entre o pranto vil, constante,
Que é ela quem trará toda a alegria?!

Choram tristes ,caídos pela terra,
Que há de sorver a lágrima que escorre
Nesse mundo de angustia, horror e guerra!...


Segue a existência audaz e envaidecida;
Menos lembrado o vivo, que quem morre...
Choram tantos a morte, eu choro a vida!


Claudia Dimer


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Eu quis ver Deus em toda a sua essência;
Em ânsia o procurei pelos lugares...
Com ritos, orações e penitência
Em Catedrais de esplêndidos altares!

Quis ser Cristã de modos exemplares,
Santifiquei-me em toda a consciência.
Larguei os vícios fúteis e vulgares
E quis a salvação por consequência.

Um dia a caminhar,de alma ditosa,
Surge um menino andando na calçada
A esmolar... que cena tão penosa!...

Maltrapilho, pés sujos, rosto triste,

Pensei ouvir qual voz amargurada:
Passei por ti , e ansiosa, não me viste!






Eu quis ver Deus

Claudia Dimer